Uma ação conjunta realizada nesta quinta-feira (23) resultou na neutralização de uma armadilha utilizada para captura de animais silvestres na Área de Preservação Permanente (APP) da Reserva Cisalpina, em Brasilândia. A operação contou com a participação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo (SEMATUR), da Associação Brasilandense de Fiscalização Ambiental (ABAFA) e da Delegacia de Polícia Civil do município.
A intervenção teve início a partir de uma denúncia anônima recebida pela SEMATUR, que alertava sobre a existência do equipamento ilegal na região. Imediatamente, o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Dutra, acionou o presidente da ABAFA, Nilson de Oliveira, e o delegado de Brasilândia, Dr. Avelino Rafael Mantovani, que se dirigiram ao local acompanhados de um inspetor policial.
No local, a equipe encontrou uma "arataca" - armadilha utilizada para capturar animais silvestres vivos. O equipário foi destruído em campo, conforme determina a legislação ambiental para instrumentos utilizados em condutas lesivas ao meio ambiente. A prática caracteriza crime previsto no artigo 29 da Lei nº 9.605/1998, que proíbe a caça, perseguição, captura ou utilização de espécimes da fauna silvestre sem autorização dos órgãos competentes.
RELATO ALARMA SOBRE A SITUAÇÃO DA FAUNA LOCAL
Durante a diligência, um proprietário de terras limítrofe à reserva fez graves revelações sobre a situação dos animais na região. "Estão matando até cervídeos! As antas vêm direto comer o mamão maduro que cai dos pés. Os catetos ali eram de bandos e mataram todos", denunciou o morador, acrescentando com indignação: "Mataram meu veadinho do rabo branco... que vinha comer sal junto com o gado". O veado de rabo branco mencionado é uma espécie em risco de extinção.
Segundo relatos, os infratores utilizam milho e seva como isca para atrair os animais até as armadilhas, que são acionadas pelo mecanismo de fechadura da tampa.
AMPARO INSTITUCIONAL E NOVO FLAGRANTE
A Secretaria de Meio Ambiente comunicou o ocorrido à Polícia Militar Ambiental de Três Lagoas e ao Promotor de Justiça de Brasilândia, Dr. Adriano Barrozo da Silva, que tem se destacado como parceiro na defesa dos direitos ambientais da comunidade.
No retorno à cidade, a equipe da ABAFA encontrou ainda uma caixa contendo uma ninhada de gatinhos abandonados à beira da estrada. "Um flagrante ato de maus-tratos a animais, fruto da irresponsabilidade de pessoas sem o mínimo de consciência ambiental", lamentou o presidente da ABAFA, Nilson de Oliveira.
A operação reforça a importância da denúncia cidadã no combate aos crimes ambientais e demonstra a efetividade do trabalho integrado entre poder público e organizações da sociedade civil na proteção da biodiversidade regional.









