Em depoimento emocionante, a servidora da Secretaria da Mulher conta como superou 35 anos de rejeição à própria imagem e agora empodera nova geração. Na próxima segunda-feira (07/07), às 8h (MS), na Secretaria Municipal da Mulher haverá o "Café Preto", onde Luciana e outras convidadas contarão um pouco mais sobre a sua história.
A Infância Marcada Pelo Preconceito
Nascida em Três Lagoas mas brasilandense de coração, Luciana Ramos, 38 anos, guarda na memória as cicatrizes de uma infância onde se sentia "invisível":
• Nos corredores escolares;
• Nos comércios locais;
• Em casa: "Não tinha espelhos. Quando via meu reflexo, virava o rosto"
Mãe de Tamiris, 19, e Samuel, 11, ela carregou por décadas o que chama de "máscara da negação":
"Casada há 20 anos, nem mesmo para meu marido eu mostrava minha verdadeira essência. Prendia o cabelo, evitava cores vivas".
O Ponto de Virada
Há um ano, ao assumir como concursada na Secretaria da Mulher, Luciana encontrou o que nunca teve: um espaço seguro para desconstruir séculos de opressão internalizada.
Através de:
✔ Palestras sobre identidade negra
✔ Acompanhamento psicológico especializado
✔ Convívio diário com mulheres em processo similar
Ela teve seu "click" de autoaceitação:
"Num dia comum, me vi no espelho do banheiro e pensei: 'Meus olhos são lindos!'. Foi como se eu me visse pela primeira vez".
O Legado para Tamiris
Hoje, Luciana faz questão de reescrever a história familiar:
• Incentiva a filha usar maquiagem para sair
• Fala dos cabelos cacheados: "Solte esse cabelo, filha!"
"Minha filha ri quando falo pra se arrumar, mas sei que ela nunca precisará se esconder como eu precisei", emociona-se.
O Contexto Institucional
A entrevista integra as ações do "Julho das Pretas", iniciativa da:
🔹 Secretaria Municipal da Mulher
🔹 Coordenadoria de Igualdade Racial
Cristiane Carvalho, coordenadora da ação, explica:
"Histórias como a da Luciana mostram por que criamos esse projeto. Não se trata só de visibilidade, mas de reparação existencial"