A Prefeitura Municipal de Brasilândia, por meio da Secretaria Municipal da Mulher e da Coordenadoria de Igualdade Racial, dá início à campanha "Julho das Pretas", uma série de ações dedicadas ao protagonismo das mulheres negras, latinas e caribenhas. A programação, que vai até 25 de julho, inclui debates, atividades culturais e espaços de acolhimento, destacando a importância da luta antirracista e da equidade de gênero.
A programação conta com:
04/07 – Ação Julho das Pretas: Intervenções artísticas e distribuição de materiais informativos.
07/07 – Café Preto e Roda do Migrante: Abertura com roda de conversa sobre identidade, resistência migração e direitos das mulheres negras e latinas.
08/07 – Palestra com a professora da UFMS, Silvana Bispo, das 7h às 8h (MS), na Câmara Municipal e distribuição de materiais informativos.
09/07 – Entrevista na Rádio Cidade: Discussão sobre políticas públicas e representatividade.
11/07 – Feira das Pretas: Exposição de empreendedoras negras locais.
31/07 – Festa Julina das Pretas: Encerramento com música, dança e celebração cultural.
Mulheres em Destaque
A professora de história e ativista Marciana Santiago será uma das homenageadas da campanha, simbolizando a resistência e a contribuição das mulheres negras na construção da sociedade.
Abrindo o Julho das Pretas, começamos com a primeira homenageada: Marciana Santiago.✊🏾
Mulher preta, guerreira e voz ativa na educação, Marciana Santiago de Oliveira é pedagoga, mestre em História e educadora das redes públicas Municipal e Estadual. Foi no chão da sala de aula que ela se reinventou: entre cadernos e silêncios, aprendeu que ensinar também é resistir.
Cresceu ouvindo o racismo disfarçado de brincadeira — “cabelo duro”, “cabelo de bombril” — palavras que a faziam esconder seus crespos, tentando alisar sua alma para caber em espaços que não a queriam inteira. Mas, ao trilhar os caminhos do conhecimento, entendeu que seu cabelo carrega história. Que sua cor é memória viva, sangue que não se apaga.
Ser preta numa sociedade que empurra as mulheres negras para os cantos da servidão é um ato de resistência diária. Marciana tornou-se preta com consciência. Tornar-se preta num país como o Brasil é ir contra a correnteza, mas também é caminhar com a força de quem veio antes: com os passos de Dandara, os versos de Carolina Maria de Jesus, a voz firme de Lélia Gonzalez, a luta incansável de Sueli Carneiro, a poesia afrofuturista de Conceição Evaristo.
Por que "Julho das Pretas"?
- A iniciativa, alinhada com o movimento internacional de mulheres negras, reforça:
- O legado histórico de luta contra o racismo e o sexismo.
- A intersecção entre gênero, raça e classe social.
- O combate a estereótipos e discriminações.
- O reconhecimento do papel das mulheres negras como mães, educadoras, líderes e agentes de transformação.
-
25 de Julho: Dia de Luta e Memória
A data marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o Dia Nacional de Tereza de Benguela (Lei Federal 12.987/2014) e o Dia Estadual das Mulheres Negras (Lei 5.254/2018), homenageando a líder quilombola que se tornou símbolo de resistência.
Denuncie o Racismo e a Violência
Disque 100 (Direitos Humanos) ou procure a Delegacia de Polícia Civil.
Violência contra a mulher: Disque 180 ou ligue 190 em casos de emergência.
"Precisamos ocupar espaços, reescrever narrativas e garantir direitos. O 'Julho das Pretas' é um chamado para essa transformação", afirma Cristiane Carvalho, coordenadora do Núcleo de Igualdade Racial.