O palco da Concha Acústica, que fica na Praça Central, transformou-se em um poderoso monumento à resistência, à ancestralidade e à beleza plural no último final de semana semana, durante a realização do IX Diáspora Africana e do VII Concurso de Miss e Mister Beleza Negra. O evento, que superou as expectativas de público e organização, reuniu todas as escolas do município em uma celebração vibrante da cultura negra, coroando meses de trabalho de letramento racial desenvolvido em sala de aula.
Mais do que um concurso, a noite configurou-se como um espaço antirracista de fortalecimento da autoestima e quebra de estereótipos. A riqueza da programação - com apresentações de música, teatro, dança, e um emocionante desfile que uniu crianças da educação infantil aos profissionais que as ensinam - foi o resultado visível de um profundo diálogo pedagógico. Professores e estudantes mergulharam juntos no tema, transformando teorias em expressão artística e orgulho identitário.
A comunidade respondeu com envolvimento visceral. Famílias dedicaram-se à confecção de trajes que contavam histórias, tecidos em criatividade e afeto. Autoridades do Executivo e Legislativo, secretários municipais e membros da comunidade lotaram o espaço, que também abrigou uma feira do comércio local, criando um ecossistema de celebração e apoio. O júri, formado por personalidades engajadas de diversos setores da cidade, teve a difícil tarefa de eleger representantes em meio a tantas expressões de beleza e empoderamento.
Os vencedores de cada categoria refletem a diversidade de vozes que o evento busca amplificar: Arthur Felipe de Jesus Ferreira e Paola Vitória Ribeiro Lobaski (Fundamental I); Weslei Gabriel Freitas Cartoso e Milena Beatriz Souza Silva (Fundamental II); e Jayane Lins da Silva e Leonardo de Souza (Ensino Médio). Mas, como bem ressaltou a organização, todos os participantes saíram vencedores por ajudarem a construir um espaço onde a negritude é celebrada, não tolerada.
A cada edição, o Diáspora Africana cresce não apenas em números, mas em significado. Consolidou-se como um marco no calendário educacional e social de Brasilândia, demonstrando que a escola, quando abre suas portas para a cultura e a representatividade, pode ser um agente transformador poderoso. A noite reafirmou, acima de tudo, que beleza negra é legado, é resistência, e é, sobretudo, potência.









